terça-feira, 29 de maio de 2012

Jornalismo do CMRJ encontra familiares de Fernando Ottoni, menino curado por Ozanam em 1926


FOTO: FERNANDO OTTONI, MORTO EM 2004
Se estivesse vivo, Fernando Luiz Benedito Ottoni completaria 88 anos em julho. Mas a trajetória dele na terra foi encerrada em 2004, depois de ser vitimado por um Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico. Por nome, talvez, poucos vicentinos saibam quem foi este homem e a importância dele para a Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), no entanto, a história protagonizada por Fernando Ottoni é bem conhecida entre os confrades e as consócias de todo mundo. Graças a ele, Antonio Frederico Ozanam – um dos principais fundadores da SSVP – foi beatificado pelo papa João Paulo II, em 22 de agosto de 1997.
Com a abertura do bicentenário do nascimento de Antonio Frederico Ozanam, feito no mês passado, durante a Romaria Nacional dos Vicentinos a Aparecida, a equipe de jornalismo do Conselho Metropolitano do Rio de Janeiro (CMRJ) decidiu homenagear o fundador da SSVP, recontando a história do milagre que o tornou beato.
Esta matéria é baseada nos relatos de Pio Ottoni e Alvaro Ottoni de Menezes, respectivamente filho e sobrinho de Fernando.

“O milagre foi decisivo para o papai crer no que ele chamava de ‘as forças ocultas, superiores, de uma outra vida’ – relembra Pio Ottoni

SAUDADE. De acordo com o médico Pio Ottoni, esta a principal palavra que descreve o que sente hoje ao se lembrar do pai, Fernando Ottoni. “Com ele, aprendi a ser correto com meus pensamentos e com a vida”, acrescenta.
O milagre vivido por Fernando ainda na infância foi decisivo para o fortalecimento da fé dele, conta o filho. “O milagre foi decisivo para o papai crer no que ele chamava de ‘as forças ocultas, superiores, de uma outra vida”. Ele tinha em casa uma imagem do beato Frederico Ozanam e acreditava ser um miraculoso (pessoa curada por milagre), embora não envaidecesse com este fato. Ainda segundo o médico, o pai pouco comentava sobre o assunto da cura.
Em entrevista ao jornal ‘O Globo’, em 1997, Fernando descreveu em palavras o sentimento da cura. "Sinto-me perplexo até hoje. Por meu intermédio, houve um evento que a ciência aceitou como sem explicação. Eu era dado como morto pelos médicos".
Além do médico Pio, um renomado ortopedista da Zona Sul do Rio de Janeiro, Fernando teve mais três filhos: Anna Maria (morta em 2006) e Luiz Fernando, ambos do primeiro casamento; e Geandré, do segundo casamento.

RETROSPECTIVA DE UM MILAGRE
Em fevereiro de 1926, a família Ottoni – que na época morava em Niterói – decidiu passar as férias em Nova Friburgo. A diversão não durou muito. O pequeno Fernando, com 18 meses, adoeceu. Ele apresentou um quadro de difteria grave e os médicos não acreditavam mais que ele pudesse sobreviver.
Pio Ottoni, pai do garoto, precisou voltar para Niterói, onde encontrou-se com o avô do menino, o confrade Christiano Benedito Ottoni, membro da Conferência Espírito Santo. O desfecho desta história quem conta é Álvaro Ottoni de Menezes, sobrinho de Fernando. “Christiano, imediatamente, trancou-se no quarto e rezou para Frederico Ozanam. Voltou para a sala aproximadamente meia hora depois, dizendo com convicção ao pai da criança: ‘vai tranquilo, meu filho, que Frederico Ozanam já curou Fernando’. Meu avô botou o pé na estrada, viagem longa e, quando chegou em Nova Friburgo, tio Fernando estava curado, brincando alegre, sem febre alguma”.
Depois, Regina Ottoni – mãe de Fernando – relatou que, no momento exato quando o avô rezava, o neto que desfalecia em febre, levantou-se de súbito. “Os médicos ficaram de queixo caído, atestaram que a Medicina não tinha explicação para tal recuperação, que o menino deveria estar morto, e se salvasse, o que já seria por si um milagre, não recuperaria nunca a saúde daquela forma”.
O milagre ocorreu em 2 de fevereiro, Festa de Purificação da Virgem Maria.

UM ENGENHEIRO BRILHANTE
Fernando Ottoni não só sobreviveu à difteria, como saiu da doença sem nenhuma sequela. Estudou e formou-se engenheiro. Trabalhou em Furnas e na construção da Transamazônica. “Foi um homem de espírito aventureiro; lembro-me que esteve à frente de construções de estradas, em verdadeiras selvas no Norte do país”, conta o sobrinho Álvaro. “Tio Fernando era inteligente, vibrante, sempre bem humorado e religioso”.
Depois de percorrer vários lugares do país, Fernando morou por último no bairro do Flamengo (RJ). O corpo dele foi cremado.
A BEATIFICAÇÃO
Dentre os quesitos que transformam um indivíduo em santo, estão: professar a devoção a Cristo, estar morto e ser o responsável por uma cura considerada impossível. Depois de uma análise criteriosa do Vaticano, este indivíduo é beatificado. Para que ele seja santificado é necessária a comprovação de um segundo milagre. Como apenas o caso de Fernando foi comprovado pelo Vaticano, Antonio Frederico Ozanam tornou-se beato. Só mais um milagre poderá transformá-lo em santo.
A beatificação dele ocorreu em 22 de agosto de 1997, durante a XII Jornada Mundial da Juventude, na Catedral de Notre Dame, em Paris.
O miraculoso Fernando não participou da solenidade por motivos de trabalho, mas foi representado pelo irmão caçula, Ignácio de Loyola Ottoni, engenheiro e professor universitário, que também já morreu.


A SERVIÇO DOS POBRES

A família dos Ottoni sempre esteve engajada em trabalhos caritativos. De acordo com Álvaro, o tio Fernando, embora não fosse vicentino, sempre esteve disposto a ajudar.
Muitos casarões no Rio de Janeiro foram doados ao Estado pela família Ottoni, dentre eles, onde funcionam a Escola Municipal ‘Chistiano Ottoni’, ‘Bárbara Ottoni’ (na ‘Praça da Bandeira) e Maternidade Escola (em Laranjeiras).


FONTE: Tatielle Oliveira, por meio da colaboração do confrade Creildo Castro (presidente da Conferência São João Batista, em Nova Friburgo), PARA O INFORMATIVO DO CONSELHO METROPOLITANO DO RIO DE JANEIRO (CMRJ)www.ssvpbrasilorg.br

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