quarta-feira, 26 de setembro de 2012

EM SINTONIA COM A IGREJA Padre vicentino explica 'Ano da Fé'


Entre 11 de outubro de 2012 a 24 de novembro de 2013, a Igreja Católica celebrará o 'Ano da Fé'. Ele foi instituído pelo papa Bento XVI, como forma de relembrar os 50 anos da abertura do Concílio Ecumênico e 20 anos da publicação do Catecismo da Igreja.
A importância desta comemoração e o significado dela são explicados pelo padre Euzébio Spila, da Congregação da Missão - Ramo da Família Vicentina. Ele é o diretor das Filhas da Caridade, na Província de Curitiba.

Porta da fé

Diz o Papa Bento XVI: “Decidi proclamar um Ano da Fé. Este terá início a 11 de outubro de 2012, no Cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II, e terminará na solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, a 24 de novembro de 2013. Na referida data de 11 de outubro de 2012, contemplar-se-ão também vinte anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, texto promulgado pelo meu predecessor, Beato Papa João Paulo II, com o objetivo de ilustrar a todos os fiéis a força e a beleza da fé. Esta obra, verdadeiro fruto do Concílio Vaticano II, foi desejada pelo Sínodo Extraordinário dos Bispos de 1985, como instrumento a serviço da catequese e foi realizada com a colaboração de todo o episcopado da Igreja Católica. E uma Assembleia Geral do Sínodo dos bispos foi convocada por mim, precisamente para o mês de outubro de 2012, tendo por tema: A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”.
O Documento Porta da Fé não é uma Encíclica, nem Exortação Apostólica, mas uma simples carta dirigida a todo o povo cristão com a qual o Papa proclama o Ano da Fé.
A decisão do Papa de proclamar o Ano da Fé está, portanto, ligada aos dois grandes acontecimentos: os 50 anos da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II feita pelo Papa João XXIII e os 20 anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica.
Na primeira sessão o Papa João XXIII condensou o espírito do Concílio nessa declaração: “Sempre a Igreja se opôs aos erros; muitas vezes até os condenou com a maior severidade. Nos nossos dias, porém, a Esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia que o da severidade”. Está claro que a prioridade do Vaticano II não foi doutrinária, mas preferentemente pastoral. Aggiornamento, isto é, atualização, foi a palavra chave e fundamental do Concílio. Os objetivos do Vaticano II foram: apresentar uma noção clara da Igreja, renová-la, restaurar a unidade dos cristãos e tratar da presença da Igreja no mundo. Acerca desta última meta, Dom Aloísio Lorscheider assim se pronunciou: “A inserção no mundo não é para dominá-lo, mas para servi-lo. O que nos apresenta do mundo não é a busca de privilégios ou de poder, mas o zelo apostólico que deseja ver a todos saudáveis no corpo e na alma. Trata-se de esquecer a si mesmo para tornar felizes os outros”.
Proclamar o Ano da Fé, pode então significar uma redescoberta da Fé, para reavivar, confirmar os conteúdos essenciais do ensinamento do Vaticano II e do Catecismo Católico. O Papa começa convidando os fiéis, “a pôr-se a caminho, procurando sobretudo readquirir o gosto de alimentar-se da Palavra de Deus”.
É oportuno lembrar a Exortação Apostólica Verbum Domini publicada em 2010, que é o fruto do Sínodo que teve como tema: “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”. Disse Bento XVI na homilia: “Todos nós, que participamos nos trabalhos sinodais, levamos conosco consciência renovada que a tarefa prioritária da Igreja, no início deste novo milênio, é antes de tudo alimentar-se da Palavra de Deus, para tornar eficaz o compromisso da nova evangelização, do anúncio nos nossos tempos”.
Portanto, temos que primeiro nos alimentar da Palavra de Deus para depois anunciá-la. É conhecido o ditado popular que afirma: “ninguém dá o que não tem”. Não podemos anunciar a Palavra de Deus se não a conhecemos e se não buscamos viver conforme o que ela nos ensina. Daí a importância e a necessidade de homilias bem preparadas, da leitura orante da Bíblia, e das escolas de formação bíblica nas comunidades, paróquias e dioceses. O Papa diz ainda: “Torna-se indispensável uma promoção pastoral robusta e crível do conhecimento da Sagrada Escritura, para anunciar, celebrar e viver a Palavra na comunidade cristã, dialogando com as culturas do nosso tempo, pondo-se ao serviço da verdade”.
O documento Porta da Fé diz ainda que este ano da fé será uma ocasião propícia também para intensificar o testemunho da caridade. “A fé sem a caridade não dá fruto. Fé e caridade reclamam-se mutuamente, de tal modo que uma consente à outra de realizar o seu caminho”.
A palavra de Deus, portanto, deve ser prioridade para cada cristão e para os planos da ação evangelizadora em todos os níveis. E nós, membros da Família Vicentina, somos convidados a avaliar com profundidade e coerência nossa caminhada de fidelidade ao carisma, analisando a qualidade, o dinamismo da missão que realizamos. Fortalecidos pela Palavra e pela Fé, somos convidados a pôr-nos a caminho afirmando os valores da consagração a Cristo para servi-lo nos Pobres.
O Documento termina confiando à Maria, Mãe de Deus, este ano da fé como um tempo de graça porque ela foi proclamada “Feliz porque acreditou”.
Pela fé, Maria acolheu a palavra do Anjo e acreditou no anúncio de que seria Mãe de Deus na obediência da sua dedicação (Lc 1,38).
Ao visitar Isabel, elevou o seu cântico de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que realizava em quantos a ele se confiavam (Lc 1,46-55).
Com alegria deu à luz o seu Filho, unigênito, mantendo a sua virgindade (Lc 2,6-7).
Confiando em José, seu esposo, levou Jesus para o Egito, a fim de o salvar da perseguição de Herodes (Lc 2,13-15).
Com a mesma fé, seguiu o Senhor na sua pregação, e permaneceu ao seu lado, no Gólgota (Jo 19,25-27).
Com fé, Maria saboreou os frutos da ressurreição de Jesus e, conservando no coração a memória de tudo, transmitiu-a aos doze reunidos com ela no Cenáculo que receberam o Espírito Santo (At 2,1-4).

FONTE: DA REDAÇÃO DO SSVPBRASIL

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