segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Primeiro tweet do Papa será a 12 de dezembro


"A web está a contribuir para o desenvolvimento de novas formas de consciência intelectual e espiritual de consciência partilhada" - estas as palavras do Papa na mensagem para a Jornada Mundial das Comunicações Sociais de 2011 que já abriam a porta para aquela que será a partir deste mês uma presença habitual e assídua do Papa nas redes sociais, específicamente no Twitter. No próximo dia 12 de Dezembro o Papa Bento XVI fará o seu primeiro tweet, no dia da Festa de Nossa Senhora de Guadalupe. Será, com certeza, um momento histórico continuando a dar cumprimento às inovações comunicacionais dos seus antecessores, tal como fez Pio IX a 12 de Fevereiro de 1931 com a sua mensagem através da Radio Vaticano. Estas e outras informações foram apresentadas ontem na Sala Paolo VI numa conferência de imprensa em que estiveram presentes o Mons. Claudio Maria Celli, Presidente do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais; o Mons. Paul Tighe, Secretário do citado Conselho, o P. Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, da Radio Vaticano e do Centro Televisivo Vaticano, o prof. Giovanni Maria Vian, diretor do Osservatore Romano e ainda o Dr. Greg Burke, Media Adviser da Secretaria de Estado.
Passadas 24 horas desde a abertura do account e já são cerca de 350.000 os seguidores. A propósito deste tema o P. Lombardi prestou declarações ao nosso colega do programa italiano Alessandro Gisotti:
R.- Não me admira que exista esta grande resposta, porque já nas semanas anteriores eu fui continuamente interpelado sobre quando é que começaria esta presença do Papa no Twitter entre outras informações. Portanto, verifiquei que, sobretudo no mundo da comunicação existia um enorme interesse e isto quer dizer que esta iniciativa deuverdadeiramente um sinal de capacidade, da parte do Santo Padre e dos seus colaboradores, de responder a expectativas que sentiam no ar.
P.- Na apresentação desta iniciativa o Mons. Celli disse que a presenza no Twitter tinha nascido da vontade do Papa de encontrar os homens e as mulheres do nosso tempo lá onde eles se encontram...
R.- É mesmo verdade, porque os encontros, hoje, são naturalmente e como sempre na realidade, no face a face quotidiano, e este continua a ser um aspecto essencial do nosso viver juntos e com os outros, mas também no ambiente digital através das novas possibilidades de comunicação há a possibilidade de encontros. Podem ser superficiais, podem ser não envolventes, mas podem ser também significativos e profundos. E, portanto, é nosso dever valorizar estas possibilidades e indicar que também neste modo, que se está a desenvolver tão vertiginosamente, é preciso meter elementos de encontro profundo, de comunicação de ideias, de sentimentos, de mentes e de corações.
P.- Pessoalmente, como homem da comunicação, que coisa o atrai deste largo empenho do Papa, finissimo teologo que sabe também utilizar as redes sociais?
R.- Diria que o Papa compreende muito bem a situação. Evidentemente, como pessoa de uma certa idade e como tantas pessoas da sua idade, não é um nativo digital e, portanto, utiliza as redes sociais de uma forma diferente dos jovens, mas compreende a dimensão, as potencialidades e convida a Igreja a aí estar presente. E é extremamente disponível a dar a sua palavra como mensgem que circule através das redes sociais. Por conseguinte, é sempre pronto, perante propostas razoáveis e inteligentes dos seus colaboradores, a dar a sua colaboração com a sua palavra e a sua autoridade, por forma a inserir-se neste grande diálogo do mundo de hoje. Nisto, a inteligência e a sensibilidade da pessoa ajudam muito a fazer novos passos, com grande serenidade e alegria, nesta direção.
A presença do Papa no Twitter e nas redes sociais pode assim ser vista como a ponta do iceberg da presença da Igreja no mundo dos novos media. A Igreja está já presente de forma abundante nestes ambientes com uma vasta gama de iniciativas, desde sites oficiais de várias instituições e comunidades até sites pessoais, blogs e micro-blogs de paróquias, dioceses e personalidades do mundo eclesial. Esta presença do Papa no Twitter é um definitivo apoio ao anúncio da boa nova de Jesus Cristo no espaço público criado pelos social media. Inicialmente os tweets do Papa serão publicados por ocasião das audiências gerais de quarta-feira, mas no futuro poderão vir a ter uma frequência maior. O formato que foi escolhido para o lançamento deste canal de comunicação foi o de pergunta e resposta. Desta forma, os primeiros tweets responderão às perguntas enviadas ao Papa sobre a temática da fé. Estas perguntas poderão ser enviadas nas várias línguas. Em português o endereço é @pontifex_pt.
FONTE: RÁDIO VATICANO/ssvpbrasil.org.br

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Filha da Caridade escreveu sobre 'Ano da Fé' em 1968


Há exatos 44 anos, a então Superiora Geral das Filhas da Caridade (Ramo da Família Vicentina fundado por São Vicente de Paulo), Irmã Suzanne Guillemin, escreveu uma Circular sobre o 'Ano da Fé', celebrado também atualmente. O documento é datado de 1º de janeiro de 1968.
O Papa Paulo VI também declarou 1967 como 'Ano da Fé'.
Conheça alguns trechos desta meditação:

A fé é a base da vida espiritual e, com maior razão, da vida religiosa; é o princípio de nossas relações com Deus e o manancial da caridade a que tendemos.
Uma Fé simples
Podemos começar a meditação sobre a fé afirmando, simplesmente, que é preciso crer na fé depositada em nós pelo batismo. (…) Tenhamo-lo recebido precoce e inconscientemente no seio de uma família cristã ou nos tenha sido conferido depois das lutas de uma conversão pessoal em plena idade adulta, o dom da fé é o dom inicial que condiciona a devoção de comemorar o aniversário do seu Batismo; celebremos esse dia com ações de graças na meditação do benefício fundamental da vida teologal e num sério exame sobre o modo como o colocamos em ação. Se nossa fé é límpida e sem nuvens, agradeçamos ao Senhor que nos poupou das mais tormentosas lutas espirituais e sirvamo-nos dessa fé simples e luminosa para aclarar o caminho daqueles que, menos privilegiados que nós, conhecem a dúvida e a angústia.
Uma Fé esclarecida
Preocupemo-nos com o nosso estado em relação à fé! Não permaneçamos numa silenciosa inconsciência a esse respeito, pois todo progresso espiritual a que tendemos só pode ser fruto de um progresso na fé. Tenhamos o sincero e firme desejo de ser esclarecidas e aquecidas pela chama da fé; torne-se esse desejo uma vontade firme, que ele seja exercitado numa oração contínua e numa assídua e fervorosa vida sacramental, pois os sacramentos da Penitência e da Eucaristia, recebidos com boas disposições, aumentam em nós a fé, a esperança e a caridade, como o pedimos depois de cada uma das nossas comunhões. A oração e os sacramentos são as fontes perenes em que deve alimentar-se nossa vida teologal.
Uma Fé humilde
A graça da fé não está em segurança, senão nos corações humildes, intimamente convictos de sua fragilidade e, por isso mesmo, tudo esperando de Deus. Sua humildade exerce um atrativo irresistível sobre o Senhor, que se compraz em comunicar-se com eles e em atender a seus desejos. Seja a nossa fé humilde e simples, recebida com imensa gratidão, como inapreciável benefício de que não somos dignas e que devemos valorizar. Que o humilde conhecimento de nós mesmas nos mantenha numa oração contínua pelo aumento da fé e que ela nos leve fundamentar esta fé no ensino oficial da Igreja.
Uma Fé intrépida
Não pensemos que as bases da humildade e da obediência signifiquem uma atitude demissionária de responsabilidade e de compromisso pessoal. A vida segundo a fé é um combate contínuo e exige grande coragem; não sabemos até onde Deus nos conduzirá se formos fiéis e o ato de fé inicial foi, justamente, o de aceitar essa incerteza e de nos comprometermos em seguir o Cristo sem a possível previsão do futuro. “Como de nossa pregação recebestes o Senhor Jesus Cristo, vivei nele, enraizados e edificados nele, inabaláveis na fé em que fostes instruídos, com o coração a transbordar de gratidão!” (Col 2, 6-7).
Uma Fé ativa
O dom da fé, como qualquer outro, não nos foi dado somente em vista do nosso encontro individual com Deus. Por nós, ele foi dado também à Igreja para a salvação de todos e somos responsáveis pelos nossos irmãos, fazendo que a nossa fé se estenda até eles. (…) Lembremo-nos da promessa feita a Santa Catarina, nossa Irmã, promessa que nos compromete, de que “Deus se serviria das duas famílias para reanimar a fé”. Saibamos também que, desde a nossa origem, “o ensino das verdades da fé” foi considerado como dever inseparável de toda ação caridosa. Disso tiramos, para o momento presente, uma grande lição: toda Filha da Caridade deve ser, onde Deus a colocou, uma catequista da fé, não somente junto dos pobres, mas de todos aqueles com quem trabalha ou se encontra.



FONTE: DA REDAÇÃO DO SSVPBRASIL, com dados das Filhas da Caridade

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Padre Fábio de Melo diz que admira os vicentinos


Em entrevista recente divulgada num dos informativos da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), o padre Fábio de Melo comentou sobre a admiração que cultiva pelos membros da instituição. "Conheço algumas pessoas que se dedicam ao trabalho vicentino. Eu as admiro". Ainda disse: "A caridade é uma forma primorosa de evangelizar".
Questionado sobre qual seriam as melhores formas de se praticar a caridade, padre Fábio de Melo respondeu: "Não sei. Procuro descobrir no meu cotidiano o que preciso amar e socorrer. A vida se encarrega de nos mostrar o que é urgente. É só obedecer ao chamado que ela nos faz".

Padre Fábio de Melo

Fábio José de Melo Silva, mais conhecido como Padre Fábio de Melo, nasceu em Formiga, MG, aos 3 de abril de 1971. É sacerdote, artista, escritor, professor universitário e apresentador, pertencente originalmente à Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus. Atua na Diocese de Taubaté, no interior do Estado de São Paulo.

FONTE: DA REDAÇÃO DO SSVPBRASIL, com dados do CMRJ/www.ssvpbrasil.org.br

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil comemora 30 anos


O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) comemorou, no dia 30 de novembro, 30 anos de atuação e caminhada ecumênica. Para celebrar essa data, três atividades foram programadas ao longo do dia. A primeira foi uma roda de diálogo, que reuniu representantes da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), ex-presidentes do CONIC, diretores e membros do Conselho Curador, composto por presidentes das Igrejas que compõem o Conselho. O segundo momento foi uma reunião na sede recém reformada, encerrando com uma celebração ecumênica na Paróquia São José Operário, que contou com aproximadamente 150 pessoas.
Roda de Diálogo
A primeira atividade do dia teve como sede o Centro Cultural de Brasília. O momento foi aberto com o presidente do CONIC, dom Manoel João Francisco, dando as boas vindas aos presentes. Logo após, cada um dos participantes puderam colocar, para a meditação do grupo, fatos importantes que têm acontecido no mundo e que geram impacto na vida de muitos, como o reconhecimento da Palestina enquanto “Estado Observador” nas Nações Unidas, as tentativas sérias de combate à violência, o Fórum Social Mundial Palestina Livre, o Dia do Evangélico, entre outros.
Também foi feita uma partilha do texto bíblico de Efésios 2:18-22 e, na etapa seguinte, a diretora executiva da CESE, Eliana Rolemberg, falou sobre dois assuntos importantes não apenas para as Igrejas e os movimentos sociais, mas para todo o país: o Marco Regulatório, que deverá definir as relações entre o Estado brasileiro e entidades da sociedade civil, e a Comissão Nacional da Verdade, que pretende apurar as violações aos direitos humanos praticados por agentes públicos ocorridos entre 1946 e 1988.
DomLeonardo30anosconicTambém estiveram presentes no momento o 1° e a 2° vice-presidente do CONIC, dom Francisco de Assis e presbítera Elinete Miller, respectivamente; o tesoureiro e a secretária geral, pastor sinodal Altemir Labes e pastora Romi Bencke; o secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Leonardo Steiner; o pastor presidente da IECLB – Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Nestor Friedrich; a moderadora da IPU – Igreja Presbiteriana Unida, Anita Sue; o bispo primaz da IEAB – Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, dom Maurício Andrade; a presidente da CESE, Eleni Rodrigues, acompanhada da 2° secretária da entidade, Girlaine Gomes; o bispo auxiliar da arquidiocese de Salvador (BA), dom Gilson Andrade; os ex-presidentes do CONIC, dom Sinésio Bohn, Adriel Maia (metodista) e Rolf Schünemann (luterano), juntamente com o ex-secretário geral Ervino Schmidt; o pastor Guilherme Lieven (IECLB) e o assessor de política da CNBB, padre Geraldo Martins.
Reunião na Sede
A reunião na sede do Conselho foi marcada por muita emoção. Inicialmente, dom Manoel apresentou as novas instalações do espaço, especialmente decorado para receber os convidados. Uma das salas recém inaugurada trazia objetos que faziam alusão ao CONIC ainda em Porto Alegre (RS), afinal, foi lá que tudo começou. Na sala ao lado, também inaugurada no dia, a decoração e os objetos dispostos já lembravam o planalto central, uma referência à transferência do Conselho para a Capital Federal.
Um dos momentos que reservou grandes surpresas foi descerramento da galeria dos ex-presidentes, uma homenagem àqueles que muito contribuíram para o crescimento e amadurecimento do CONIC. A presidente da CESE, Eleni Rodrigues, e o presidente do CONIC, dom Manoel, puxaram juntos o manto vermelho que cobria a Galeria e, em seguida, cada um dos ex-presidentes, que agora também contava com a presença do pastor Carlos Möller, fizeram uma pequena memória de suas gestões.
Vale lembrar que as cinco igrejas-membro foram presenteadas com um quadro com a logo comemorativa dos 30 anos do CONIC, além da CESE, tendo em vista a longa parceria entre as duas entidades. “Somos gratos pela vida do CONIC e por sua longa caminhada. Hoje podemos, mais uma vez, celebrar esse aniversário e reafirmar o compromisso da CESE com o CONIC e o ecumenismo”, disse Eleni.
O momento ainda contou com a presença do delegado patriarcal da ISOA – Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia, dom Tito Paulo Hanna; da secretária da diretoria do CONIC, Zulmira Inês; do ex-secretário geral Gabriele Cipriani e do membro da Comissão Teológica Joanilson Pires do Carmo.
Celebração Ecumênica
Realizada na Paróquia São José Operário, em Brasília, a celebração ecumênica reuniu cerca de 150 pessoas, entre autoridades do meio religioso e autoridades civis, representantes de organismos ecumênicos, dos movimentos sociais, além de amigos, familiares e parceiros de caminhada.
No momento da pregação, dom Manoel falou da importância de se cultivar uma fé sólida, mas baseada na compreensão e na aceitação do outro, no amor ao próximo e na valorização das diferenças. “A diferença é uma fonte de riqueza na busca da verdade”, disse, enfatizando que o CONIC está aberto à adesão de outras igrejas “queremos atrair novas Igrejas e, com isso, ampliar o diálogo”, encerrou.
A instalação oficial da pastora Romi como secretária geral também foi outro momento solene. Para isso, acompanhou dom Manoel o pastor presidente da IECLB, Nestor Friedrich.
Autoridades religiosas e parceiros de caminhada do CONIC, presentes na celebração dos 30 anos, falaram sobre o importante papel do Conselho na promoção da paz, na busca por justiça e na construção de uma sociedade mais fraterna. Leia abaixo:
Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília
“Nosso sentimento com esses 30 anos é de gratidão a Deus, de gratidão a todos que têm contribuído para que o Conselho chegasse até aqui. Ainda temos um desafio imenso que é a unidade dos cristãos, e os caminhos a percorrer são longos. Mas não nos falta esperança e, particularmente, acredito que esta celebração seja ocasião para retomar um ânimo ainda maior, com mais disposição e vigor rumo ao ecumenismo. Assim fazendo, procuramos responder a palavra de Jesus ‘que todos sejam um’”.
Pastor Nestor Friedrich, presidente da IECLB
“A celebração dos 30 anos do CONIC é um momento muito bonito. A IECLB é uma igreja que sempre acompanhou esse processo, aliás, somos uma igreja que aposta muito na caminhada ecumênica, temos o ecumenismo no nosso DNA. Cabe dizer que o papel do CONIC é fundamental no sentido de unir as igrejas na busca de alternativas, para pautar agendas que, enquanto igrejas isoladas, não seria possível. Exemplos disso são a questão da terra, os conflitos que envolvem a terra, e o Marco Regulatório, dois temas de enorme importância e que só vamos conseguir avançar se pautarmos isso de forma conjunta”.
Anita Sue, moderadora da IPU
“Nesse momento de celebração e de alegria pelos 30 anos do CONIC, tendo em vista que o Conselho já nomeou sua primeira secretária geral, a pastora Romi, e falo isso como a primeira moderadora da IPU, que tal começarmos a pensar sobre a possibilidade da primeira mulher presidente do CONIC?”
Dom Maurício Andrade, primaz da IEAB
“A Igreja Episcopal Anglicana do Brasil está junto ao CONIC desde a sua fundação e, de nossa parte, digo que é muito gratificante ter acompanhado todo esse crescimento. Com a transferência do Conselho de Porto Alegre (RS) para Brasília, centro das decisões e encaminhamentos políticos do país, o CONIC assumiu um papel de representatividade das igrejas-membro muito marcante. Enfim, dou graças a Deus pelos avanços conseguidos até agora, avanços esses representados pela manutenção do sonho ecumênico, do sonho da unidade, da caminhada conjunta na proclamação do evangelho de Jesus Cristo”.
Eliana Rolemberg, diretora executiva da CESE
“CONIC e CESE estão muito articulados, mantêm uma parceria muito boa! Estamos animados com as novas possibilidades de trabalho conjunto entre as duas instituições, afinal, sempre caminhamos juntos em uma mesma direção. A Romi, como secretária geral, é uma pessoa muito dinâmica. Além disso, a diretoria está muito comprometida no sentido de dar novos passos, e a gente se alegra muito com isso”.

FONTE: CNBB/www.ssvpbrasil.org.br

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Minha árvore de Natal



Quisera, Senhor
neste Natal,
armar uma árvore
dentro de meu coração
e nela pendurar,
ao invés de presentes,
o nome de todos os meus amigos.
Os amigos de longe e de perto,
os antigos e recentes,
os que vejo todos os dias
e os que raramente encontro.

Os sempre lembrados e os que,
às vezes, ficam esquecidos.

Os constantes e os intermitentes,
os das horas difíceis e os
das horas alegres.

Os que, sem querer, eu magoei ou,
sem querer me magoaram.

Aqueles a quem conheço profundamente
e aqueles que me são conhecidas
só as aparências.

Os que pouco me devem
e aqueles a quem devo muito.

Meus amigos jovens,
meus amigos velhinhos.

Meus amigos homens feitos
e as crianças,minhas amiguinhas.

Meus amigos humildes
e meus amigos importantes.

Os nomes de todos
que já passaram por minha vida.

Os que me estimam e admiram
sem eu saber
e os que amo e estimo
sem lhes dar a entender.

Quisera, Senhor,
neste Natal
armar uma árvore
de raízes muito profundas
para que seus
nunca mais
sejam arrancados de minha vida.

Uma árvore de ramos muito extensos
para que os novos nomes,
vindos de todas as partes,
venham juntar-se aos já existentes.

Uma árvore de sombra muito agradável
para que nossa amizade,
seja um momento de repouso
no meio das lutas da vida.

Feliz Natal ! ! !

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Divulgadas as reflexões das homilias de dezembro


A Congregação da Missão (Ramo da Família Vicentina) divulga, mensalmente, uma pequena explicação dos Evangelhos dominicais. O material serve norte, para que os católicos compreendam ainda mais os comentários durante a Missa. Leia o subsídio de dezembro:

PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO (02.12.12)
Lucas 21, 25-28.34-36
“A libertação de vocês está próxima”

Neste primeiro domingo do Ano Litúrgico, Lucas nos mergulha em um dos discursos escatalógicos do seu Evangelho. Sendo assim, usa imagens e símbolos que não são da nossa cultura e época, e por isso nem sempre são fáceis a serem compreendidos pelos ouvintes de hoje. Porém, na literatura apocalíptica não é necessário interpretar cada imagem detalhadamente - o mais importante não é cada pedra do mosaico, mas o padrão inteiro - não cada imagem e símbolo, mas, a sua mensagem de conjunto.
O texto nos apresenta a figura do “Filho do Homem” - o título que nos Evangelhos Jesus mais usava para Si mesmo, e que nós pouco usamos. Este título vem de um trecho do livro apocalíptico de Daniel: “Em imagens noturnas, tive esta visão: entre as nuvens do céu vinha alguém como um filho de homem... Foi-lhe dado poder, glória e reino, e todos os povos, nações e línguas o serviram. O seu poder é um poder eterno, que nunca lhe será tirado. E o seu reino é tal que jamais será destruído.” (Dn 7, 13s)
Então, Jesus recorda aos seus discípulos a mensagem de ânimo que trazia o Livro de Daniel aos perseguidos do tempo dos Macabeus, pelo ano 175 a.C. - que embora possa parecer que os poderes deste mundo, os impérios opressores, sejam mais fortes do que o poder de Deus, isso não passa de uma ilusão. Pois, na plenitude dos tempos, Deus, através do seu Ungido - o Filho do Homem - revelará o seu poder, e estabelecerá um Reino que jamais será destruído. Isso acontece agora em Jesus!
Qualquer interpretação de um texto apocalíptico que bota medo nos ouvintes é necessariamente errada, pois a função da literatura apocalíptica é de animar e dar coragem aos oprimidos e sofredores. Por isso, o ponto central do nosso texto de hoje é uma mensagem de ânimo, coragem e fé: “Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se e erguem a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima.” (v. 28)
Este trecho tem uma dimensão fortemente cristológica - nos afirma que Jesus, o Filho do Homem vitorioso, tem em controle todas as forças, sejam elas de guerra (v. 9) ou do mar - símbolo de forças indomáveis na literatura judaica da época (v. 25). O versículo acima citado traz uma mensagem cheia de confiança: em contraste com a atitude de covardia dos malvados (v. 26), os discípulos ficarão com a cabeça erguida, para acolher o juiz justo, o Filho do Homem.
Mesmo assim, os eleitos devem ficar atentos para não caírem. Devem cuidar muito para que: “Os corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida.” (v. 34)
Pois, é fácil assumir as atitudes do mundo, sem que notemos, a não ser que sejamos vigilantes. Por isso, o texto de hoje termina com um conselho válido também para os discípulos dos tempos modernos: “Fiquem atentos e rezem todo o tempo, a fim de terem força.” (v. 36)
O Advento é tempo oportuno para que examinemos a nossa vida para descobrir se realmente estamos atentos o tempo todo para não perdermos as manifestações da presença de Jesus no meio de nós. É tempo de nos dedicarmos mais à oração, para renovarmos as nossas forças, para não cairmos na armadilha da “desatenção” no meio das preocupações e barulhos do mundo moderno, para que os nossos corações continuem “sensíveis” aos apelos do Senhor, através dos irmãos e irmãs, no nosso dia a dia!

SEGUNDO DOMINGO DO ADVENTO (09.12.12)
Lucas 3, 1-6
“Esta é a voz de quem grita no deserto: preparem o caminho do Senhor”

Atrás das informações históricas deste texto, referentes às autoridades seculares e religiosas que teriam influência nos primórdios do cristianismo, jaz a realidade trágica da resposta negativa deles à Palavra de Deus e aos seus mensageiros, João o Batista, e Jesus, o Cristo! Na pessoa do Pôncio Pilatos, a autoridade romana vai agir na decisão de assassinar o Messias; entre os governantes da Palestina, Herodes Antipas aparece diversas vezes no Evangelho, sempre com juízo negativo, e será o responsável pela morte de João, além de estar presente no sofrimento de Jesus na Semana Santa; Anás (Sumo Sacerdote de 6 - 15 d.C) e o seu genro Caifás (Sumo Sacerdote de 18-37 d.C) só funcionam porque os romanos permitiam e realmente foi a eles que serviam. Os sumos sacerdotes sempre serão hostis a Jesus e à sua pregação e no fundo eram eles os responsáveis pela Sua morte.
No meio deste elenco de poderosos corruptos e perseguidores, Deus manda João, o Batista, como arauto do novo tempo de graça e salvação. Deus não permite que a perversidade e a maldade tenham a palavra final na história da humanidade. Essa será mais tarde a mensagem básica do Apocalipse; o mal já é um derrotado, e embora possa parecer diferente, é Deus, e não a maldade, que controla a caminhada da história. Mensagem de conforto às comunidades sofridas do fim do primeiro século. Mas, esta vitória não se concretiza sem que haja luta, sacrifício, e cruz!
Lucas põe na boca de João um trecho de Isaías: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparem o caminho do Senhor, endireitem as suas estradas. Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão aplainadas; as estradas curvas ficarão retas, e os caminhos esburacados serão nivelados. E todo homem verá a salvação de Deus.” (v. 4-6)
Sem dúvida, podemos entender esse trecho num sentido metafórico, como descrição de uma mudança radical no estilo de vida de quem quer aceitar o convite à penitência e ao arrependimento. Os vales a serem aterrados, as montanhas e colinas a serem aplainadas, os caminhos esburacados a serem nivelados, simbolizam os empecilhos em nossas vidas a um seguimento mais radical e coerente de Jesus. Quem aceita a sua mensagem terá que mudar radicalmente - isso é, na raiz - a sua vida.
O último versículo: “E todo homem verá a salvação de Deus” (v. 6) faz eco ao tema lucano da universalidade da salvação, usando essa frase que não se encontra no texto paralelo de Mc 1, 3. Ninguém é excluído da mensagem e oferta da salvação. Mas a resposta depende de cada um de nós!
O Advento, embora não seja tempo de penitência no sentido que é a Quaresma, se torna tempo oportuno para uma revisão de vida, para descobrir quais são as curvas, montanhas, e pedras que teremos que tirar para que o Senhor realmente possa habitar nos nossos corações.

TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO (16.12.12)
Lucas 3, 10-18
“Ele é quem batizará vocês com o Espírito Santo e com fogo”

Essa passagem trata da pregação de João Batista, que: “Percorria toda a região do rio Jordão, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados.” (v. 3)
O início do texto de hoje, versículos 10-14, que constam somente em Lucas, mostra bem a sua teologia e contexto - não são os líderes religiosos que não querem arrepender-se, - mas o povo comum, e até pessoas que estavam à margem da sociedade, como cobradores de impostos e soldados. Mais adiante no Evangelho, são estas as pessoas que vão responder positivamente diante da pregação do próprio Jesus. Escrevendo para as comunidades pelo ano 80-85 d.C., Lucas quer lembrar aos cristãos que eles também devem estar abertos para achar sinceridade e bondade fora das vias “aceitáveis” como fizeram João e Jesus!
A frase lapidar do trecho é a pergunta que os diversos grupos formulam para João: “O que devemos fazer?” Essa pergunta aparece mais vezes no Terceiro Evangelho, em Lc 10, 25 (na boca de um doutor da Lei) e Lc 18, 18 (uma pessoa importante), e também nos Atos dos Apóstolos: At 2, 37 (os judeus depois da pregação do Pedro), At 16, 30 (o carcereiro gentio de Filipos), At 22, 10 (Saulo, o perseguidor). Usando esse artifício, Lucas quer salientar que é uma pergunta que tem que ser feita constantemente durante a nossa caminhada. Não há cristão que possa se dispensar de fazê-la sempre, por achar que já sabe a resposta.
É interessante que João, embora uma pessoa de cunho fortemente ascético, não exige sacrifícios, ou práticas religiosas como jejum e abstinência. Ela enfatiza uma exigência muito mais radical, que atinge o cerne do nosso ser - uma preocupação com os mais pobres, manifestada na busca de justiça e solidariedade. As Campanhas da Fraternidade seguem essa linha de João, pois muitas vezes é mais fácil abster-se de uma carne ou de uma bebida do que engajar-se na luta por um mundo melhor.
Esse trecho traz à tona mais uma vez um dos temas principais do Evangelho de Lucas: o uso correto dos bens materiais. No fundo, João aqui prega antecipadamente o que mais tarde Jesus vai ensinar: a partilha dos bens com as pessoas que sofrem necessidades, a justiça nos relacionamentos econômicos e políticos, a conversão que se manifesta numa mudança radical da vida.
A segunda parte da passagem insiste que João é inferior a Jesus. João batiza com água como agente de purificação, mas Jesus usará a força purificadora maior do Espírito Santo e do fogo. Lucas vai mostrar em Atos 2 - na história de Pentecostes - como o fogo do Espírito Santo cumpre a sua missão nas pessoas.
E o texto termina com a declaração que “João anunciava a Boa Notícia ao povo de muitos outros modos” (v. 18). O que João prega é tão semelhante ao que Jesus pregará que também merece ser taxado de “Boa Notícia”. A boa notícia da chegada da misericórdia e da salvação de Deus de uma forma gratuita, mas que exige resposta de cada pessoa. É a crise existencial do mundo todo - aceitar ou rejeitar a salvação oferecida gratuitamente em Jesus. E para Lucas, essa decisão tem que ser renovada sempre, através da pergunta “o que devemos fazer?”, enquanto continuamos andando “pelo caminho”!

QUARTO DOMINGO DO ADVENTO (23.12.12)
Lucas 1,39-45
“Bendito o fruto do seu ventre!”

Para entender bem a finalidade de Lucas em relatar os eventos ligados à concepção e nascimento de Jesus, é essencial conhecer algo da sua visão teológica. Para ele, o importante é acentuar o grande contraste, e também a continuidade entre a Antiga e a Nova Aliança. A primeira está retratada nos eventos que giram ao redor do nascimento de João Batista, e tem os seus representantes em Isabel, Zacarias e João; a segunda está nos relatos do nascimento de Jesus, com as figuras de Maria, José e Jesus. Para Lucas, a Antiga Aliança está esgotada; os seus símbolos são Isabel, estéril e idosa; Zacarias, sacerdote que não acredita no anúncio do anjo; e o neném que será um profeta, figura típica do Antigo Testamento. Em contraste, a Nova Aliança tem como símbolos a virgem jovem de Nazaré que acredita e cujo filho será o próprio Filho de Deus. Mais adiante, Lucas enfatiza este contraste nas figuras de Ana e Simeão, no Templo (Lc 2, 25-38), quando Simeão reza: “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar o teu servo partir em paz porque meus olhos viram a tua salvação.” (2, 29)
Assim, não devemos reduzir o texto de hoje a um relato que pretende mostrar a caridade de Maria em cuidar da sua parente idosa e grávida. Se a finalidade de Lucas fosse mostrar Maria como modelo de caridade, não teria colocado versículo 56, que mostra ela deixando Isabel na hora de maior necessidade: “Maria ficou três meses com Isabel; e depois voltou para casa.”
Também não é verossímil que uma moça judia de mais ou menos quatorze anos enfrentasse uma viagem tão perigosa como a de Galiléia à Judéia! A intenção de Lucas é literária e teológica. Ele coloca juntas as duas gestantes, para que ambas possam louvar a Deus pela Sua ação nas suas vidas, e para que fique claro que o filho de Isabel é o precursor do filho de Maria. Por isso, Lucas tira Maria de cena antes do nascimento de João, para que cada relato tenha somente as suas personagens principais: de um lado, Isabel, Zacarias e João; do outro lado, Maria, José e Jesus.
O fato que a criança “se agitou” no ventre de Isabel faz recordar algo semelhante na história de Rebeca, quando Esaú e Jacó “pulavam” no seu ventre, na tradução da Septuaginta de Gn 25, 22. O contexto, especialmente versículo 43, salienta que João reconhece que Jesus é o seu Senhor. Com a iluminação do Espírito Santo, Isabel pode interpretar a “agitação” de João no seu ventre - é porque Maria está carregando o Senhor. As palavras referentes a Maria: “Você é bendita entre as mulheres, e bendito é o fruto do seu ventre” (v. 42) fazem lembrar mais duas mulheres que ajudaram na libertação do seu povo, no Antigo Testamento: Jael (Jz 5, 24) e Judite (Jd 13, 18). Aqui Isabel louva a Maria que traz no seu ventre o libertador definitivo do seu povo.
Finalmente, vale destacar o motivo pelo qual Isabel chama Maria de “bem-aventurada” (v. 45): “Bem-aventurada aquela que acreditou.” Maria é bendita em primeira lugar, não pela sua maternidade somente, mas pela fé, em contraste com Zacarias, que não acreditou. Assim, Lucas apresenta Maria principalmente como modelo de fé. Notemos que neste capítulo primeiro nós encontramos - na Bíblia - frases que podem fundamentar uma compreensão correta da visão bíblica da pessoa e função de Maria, que pode unir em lugar de dividir cristãos das diversas confissões: “Ave Maria” (1, 28); “Cheia de graça” (1, 28); “O Senhor é convosco” (1, 28); “Bendita sois vós entre as mulheres” (1, 42); “Bendito o fruto do vosso ventre” (1, 42). Lucas nos apresenta a mãe do Senhor como modelo de fé para todos nós!

Missa da Noite do Natal
Lc 2, 1-14

Essa passagem é típica do estilo de Lucas e contém muito material peculiar a ele. Ele toma as tradições de que Maria e José eram de Nazaré e que Jesus nasceu em Belém, liga-as com as figuras de Augusto, Herodes o Grande e o Governador Quirino, e através dessas figuras tece um texto que une oito dos seus temas favoritos: “comida”, “graça”, “alegria”, “pequenez”, “paz”, “salvação”, “hoje”, e “universalismo”. Lucas é um verdadeiro artista das palavras evangélicas!
Esse trecho pode ser subdivido assim:
1) O contexto histórico e o nascimento de Jesus: 2, 1-7
2) Pronunciamentos angélicos explicando o sentido de Jesus: 2, 8-14
3) Respostas aos pronunciamentos dos anjos: 2, 15-20
A chave para a compreensão do texto se acha nos versículos 11-14. Aqui Lucas apresenta Jesus como o Messias davídico que trará o dom escatológico de paz, o Shalom de Deus. Assim, ele faz contraste com a figura de César Augusto. Na impotência da sua infância, Jesus é o Salvador que traz a verdadeira paz, em contraste com o poderoso Augusto, que era celebrado no culto oficial imperial como o fundador de um reino de paz, a “Pax Romana”. O “Shalom” é, na verdade, o contrário da “Pax Romana” como hoje seria o oposto da pretensa “paz” imposta pelos canhões e bombardeiros da força militar prepotente - a “Pax Americana”! Essa revelação da parte dos anjos é recebida e aceita pelos humildes pastores e meditada por Maria, modelo de fé, e os discípulos, que terão que meditar e aprofundar o sentido de Jesus para eles, sem cessar!
Desde a Idade Média, o presépio tem mantido o seu lugar como um dos símbolos mais caros aos cristãos. Porém, é bom não deixar que a cena do nascimento de Jesus se torne uma cena somente sentimental, com lembranças saudosas da nossa infância! O relato quer sublinhar a opção de Deus que se encarnou como pobre, sem as mínimas condições para um parto digno. Em nossos presépios, até o boi e o asno tomaram banho! A realidade de nascer numa gruta ou estrebaria era diferente! Jesus nasce em condições semelhantes a milhões de pobres e excluídos pelo mundo afora, nos dias de hoje! É mais uma manifestação da fraqueza de Deus, que é mais forte do que os homens! (1Cor 1, 25).
Diferente de Mateus - que tem outros interesses teológicos - os protagonistas dessa cena são os pastores. Na época, eles eram considerados pessoas desqualificadas, marginais, sujas, ritualmente impuras. Mas, é para essa gente que os anjos revelam o sentido do acontecido e são eles os primeiros a encontrar Jesus recém-nascido. Assim, em Lucas, são pessoas à margem da sociedade que testemunham o nascimento de Jesus e igualmente são pessoas desqualificadas que são as testemunhas da Ressurreição - as mulheres! Lucas não perde uma oportunidade para destacar a opção preferencial de Deus pelos pobres e humilhados!
O trecho continua com mais três ênfases tipicamente lucanas: “não ter medo”, “sentir e expressar alegria” e o termo “hoje”. Os ouvintes poderão ter coragem e alegria, porque a salvação de Deus irrompe no mundo “hoje”, não numa data futura distante. Essa ideia volta diversas vezes: na sinagoga, depois de fazer a leitura de Isaías, Jesus dirá que “hoje cumpriu-se essa passagem” (4, 21); a Zaqueu, Jesus afirma que “hoje a salvação entrou nessa casa” (18, 9); ao condenado na cruz, Jesus garante que “hoje estará comigo no paraíso” (23, 43). O Reino da Salvação está sendo inaugurado, e por Jesus, na fraqueza da exclusão social, e não por César, com toda a pompa da corte e das armas! Numa manjedoura e não num palácio imperial! Por parte de quem carece de força e prestígio, e não pelos poderosos e fortes do mundo!
Os pastores não somente testemunham a presença do recém-nascido em Belém, mas anunciam o que disseram os anjos (v. 17). Essa Boa-Notícia complementa o que foi já anunciado à Maria em 1, 31-33, por Maria em 1, 46-45, e por Zacarias em 1, 68-79. É muito significativo o termo que Lucas emprega para descrever a reação de Maria: “Maria, porém, conservava todos esses fatos, e meditava sobre eles em seu coração” (v. 19). Aqui Lucas retrata, através de Maria, a atitude do/a discípulo/a diante dos mistérios de Deus, revelados em Jesus. Maria não capta o significado pleno dos eventos e os rumina no seu íntimo. A ideia volta de novo em Lc 2, 51: “Sua mãe conservava no coração todas essas coisas”. É uma maneira de apontar para a caminhada de fé que Maria trilhou e que todos nós, que não captamos o sentido pleno da ação de Deus em nossas vidas; teremos que andar.
O texto encerra afirmando que os pobres e marginalizados, personificados nos pastores, “voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que haviam visto e ouvido” (v. 20). Qualquer celebração de Natal que não dê para os oprimidos motivo para alegria, coragem e louvor a Deus, pode ser tudo, menos uma celebração cristã!

Missa da Aurora: Lc 2, 15-20

Apesar de a mensagem de Lucas ser hoje quase abafada pela euforia do consumismo e materialismo, que transforma a grande festa cristã do Natal do Senhor numa verdadeira orgia pagã de esbanjamento e exclusão, a história do nascimento do Senhor, contada nas palavras singelas de Lucas, perdura ainda com a sua mensagem profunda de paz, união, solidariedade e amor, que o néo-paganismo pós-moderno da nossa sociedade é incapaz de ofuscar.
As Missas da vigília e da aurora usam dois textos contínuos de Lucas, que realmente formam um mosaico teológico de grande beleza, através da sua habilidade literária. Lucas pega as tradições que põem a origem de Maria e José em Nazaré e juntou-as às que colocam o nascimento de Jesus em Belém, e as insere na história humana e universal, através das suas referências a grandes figuras históricas da época: César Augusto, Herodes o Grande e o governador da Síria, Quirino. Nesse contexto, ele tece uma rede que contém oito dos seus temas preferidos - alimento, graça, alegria, pequenez, paz, salvação, “hoje”, e, universalismo, para trazer à humanidade de todos os tempos “uma boa notícia, uma alegria para todo o povo” (2, 10).
Embora haja uma confusão sobre as referências cronológicas em Lucas, pois Quirino não foi governador no tempo de Herodes e não se tem informações extra-bíblicas sobre um recenseamento feito por Augusto, a finalidade de Lucas é situar o nascimento do Salvador bem dentro da história humana, e especialmente a história humana dos pobres e excluídos. Jesus nasce filho de viajantes, forçados a sair da sua casa pela força opressora do império, pois, a finalidade de um recenseamento era alistar todos para a cobrança de impostos. Assim, o Messias nasce em condições subumanas e indignas, como nascem e se criam milhões de crianças todos os anos na nossa sociedade atual. Como não teve lugar para eles na “hospedaria” (um tipo de albergue para viajantes, onde os animais ficavam no pátio, no primeiro andar tinha cozinha comunitária e no segundo andar dormitórios, algo ainda comum em certas regiões do Oriente hoje), Maria dá à luz numa gruta ou estrebaria e deita Jesus numa manjedoura.
Logo, Lucas introduz mais personagens tirados dos excluídos da religião e sociedade de então, os pastores. No tempo de Jesus eram considerados como delinquentes, dispostos sempre ao roubo e à pilhagem; por isso, não mereciam confiança alguma e nem podiam testemunhar em juízo. É importante notar que em Lucas são pessoas pertencentes a duas categorias proibidas de dar testemunho em juízo (pastores e mulheres) que Deus escolhe para testemunhar os dois eventos mais importantes da história: o nascimento e a ressurreição do Salvador. O Natal se torna festa de inclusão dos que a religião oficial e a sociedade dominante excluía, enquanto a maioria da classe abastada da nossa sociedade atual celebra o Natal exatamente nos templos de consumo de hoje, os Shoppings, onde pessoas pobres são excluídas do banquete de poucos. Que contradição!
É importante também por em relevo a mensagem dos anjos: “Glória a Deus no alto, e na terra paz aos homens que ele ama” (v. 14). Aqui Lucas cria um binômio: dois elementos conjugados, ou seja, uma maneira de dar glória a Deus no alto é a criação da paz entre as pessoas aqui na terra. Atrás do termo “paz” há um cabedal de reflexão teológica, vindo do Antigo Testamento. O nosso termo “paz” capta somente uma parte do que significava a palavra hebraica “Shalom”, que não se limita a uma mera ausência de violência física, mas inclui a realização de tudo que Deus deseja para os seus filhos e filhas. Portanto, o texto natalino nos convida e desafia para que demos glória a Deus através do nosso esforço em criar um mundo de Shalom, onde todos possam “ter a vida e a vida em abundância!” (Jo 10, 10)
É importante também refletir como Lucas nos apresenta a pessoa da Maria neste texto. Enquanto todos os que ouviam os pastores “assombravam-se” (v. 18), “Maria, porém, conservava isso e meditava tudo em seu íntimo” (v. 19). Dois textos do Antigo Testamento usam o mesmo verbo grego (synetèrein): Gn 37, 11 e Dn 4, 28, para descrer a perplexidade íntima de uma pessoa que procura entender o significado profundo de um fato. Assim, Lucas enfatiza que Maria não captou de imediato todo o sentido do que ouviu, mas meditava as palavras, contemplando-as, para descobrir o seu significado. Maria cresceu na fé, acolhendo e discernindo o sentido profundo dos acontecimentos; se tornou peregrina na fé, modelo para todos nós, nos convidando a nos mergulharmos nos relatos evangélicos, contemplando os mistérios da vida de Jesus e o que eles podem significar para nós hoje.
A festa de Natal é uma oportunidade ímpar para nos aprofundarmos no sentido do amor de Deus por nós, expressado na Encarnação. Mas, se fizermos d’Ele somente uma festa de consumismo e materialismo, jamais colheremos os seus frutos. Sem deixar do lado o seu lado lúdico, familiar e festivo, cuidemos para não sermos seduzidos pelos ídolos do ter e do prazer, tão bem promovidos pelo marketing dos Shoppings. Mas, retornemos à singeleza da gruta de Belém e redescubramos o motivo de uma verdadeira “alegria para todo o povo”: nasceu para nós o Salvador!

Missa do Dia: Jo, 1, 1-18
“O Verbo se fez carne e armou sua tenda no meio de nós”

Embora sejamos muito mais familiarizados com as leituras de Lucas, referente ao nascimento do Salvador em Belém, na realidade o Evangelho da Missa do Dia, tirado do prólogo de João, nos traz o sentido profundo dos eventos do primeiro Natal.
O texto gira ao redor do “Verbo” ou “Palavra” – “Logos” em grego. Enquanto Marcos somente começa o seu relato do Evangelho de Jesus com o seu batismo e Lucas e Mateus remontam até a sua concepção, o Quarto Evangelho liga Jesus à sua preexistência, desde o começo:
“No princípio já existia a Palavra, e a Palavra estava com Deus. E a Palavra era Deus. A Palavra se fez homem e armou sua tenda entre nós.” (1, 1.14)
Mesmo que se expresse sobre Jesus em termos não tão familiares para nós (Verbo, ou Palavra), João se coloca bem na tradição do Antigo Testamento. Embora use a palavra grega “Logos”, para expressar a identidade de Jesus como o Verbo, na sua mente não está uma discussão abstrata sobre o Logos dos filósofos gregos, mas muito mais o sentido teológico do termo hebraico “Dabar”, que indica a Palavra criadora, congregadora e libertadora de Deus, expressão do Deus de amor de libertação.
O projeto de Deus acontece quando essa palavra se fez homem, armou a sua tenda (ou acampou) entre nós. O verbo grego usado “eskênôsen” deriva-se do termo “skêne, que significa uma tenda de campanha. Na visão do Quarto Evangelho, A Palavra, o Verbo Divino, “armou sua tenda” no meio da humanidade, não “ergueu o seu Templo”! Templo é fixo, tenda é móvel, ou seja, aonde o povo anda, lá estará a Palavra Viva de Deus, encarnada na pessoa e projeto de Jesus de Nazaré. N’Ele e por Ele a Palavra Criadora age, operando a salvação aqui na terra. Podemos afirmar que o mistério da Palavra tem agora como centro a Pessoa de Jesus Cristo, inseparável da sua missão e projeto.
Mas, essa encarnação tornou-se o divisor das águas para a humanidade. Pois. “Veio aos seus e os seus não a acolheram”. Assim, o texto desafia qualquer acomodação que porventura possa existir entre os cristãos, pois “acolher” a Palavra encarnada não é em primeiro lugar uma crença intelectual; mas, o assumir de um projeto de vida, o seguimento de Jesus de Nazaré. É uma adesão radical à pessoa e missão de Jesus, continuada em nós hoje. Como diz o Evangelho de Mateus, “nem todo aquele que me disser “Senhor, Senhor!” entrará no reino de Deus, mas aquele que cumprir a vontade de meu Pai do céu” (Mt 7, 21).
O nosso texto nos anima para que não esfriemos no seguimento de Jesus, e nos diz: “Aos que a receberam, os tornou capazes de ser filhos de Deus; os que creram n’Ele, os que não nasceram do sangue, nem do desejo da carne, nem do desejo do homem, mas de Deus” (Jo 1, 12s).
Que a celebração da grande festa de hoje nos confirme na nossa fé, nesse Deus que se encarnou entre nós, “tomando a condição de escravo, fazendo-se semelhante aos homens” (Fl 2, 7) e como resultado dessa renovação espiritual nos encoraje para continuarmos na luta para criar o mundo que Deus quer - de justiça, solidariedade e fraternidade, no caminho do Reino, onde “todos tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10). Como nos diz Hebreus: “Corramos com perseverança na corrida, mantendo os olhos fixos em Jesus, autor e consumidor da fé... Para que vocês não se cansem e não percam o ânimo, pensem atentamente em Jesus”(Hb 12, 1-3)

Festa da Sagrada Família (30.12.12)
Lucas 2, 41-52

Na Igreja Católica, hoje é celebrada a festa da Sagrada Família. Portanto, o trecho de Lucas põe em relevo os três membros da família de Nazaré; mas, tem como o seu tema principal, um ensinamento sobre quem é Jesus, a sua relação ao Pai e à sua família humana.
A história começa enfatizando a identidade da família humana de Jesus como judeus piedosos. Os regulamentos sobre as peregrinações ao Templo de Jerusalém, para a festa de páscoa, se encontram em Êx 23, 17; 34.23; Lv 23, 4-14. Como consequência, entendemos que o ambiente em que Jesus cresceu e em que descobriu a sua vocação e missão é aquele dos “pobres de Javé”, os devotos que esperavam a libertação de Israel, através da vinda do Messias davídico prometido. Essa viagem prefigura a grande viagem de Jesus a Jerusalém em Lc 9, 51 - 19, 27, que Ele fará com os seus discípulos, e onde Ele revelará por palavras e ações o seu relacionamento com o Pai, prefigurado aqui no versículo 49.
O texto salienta certas atitudes de Jesus. É bom prestar bem atenção aos verbos. Lucas diz que Jesus estava no templo entre os doutores: “escutando e fazendo perguntas.” (v. 46)
A atitude de Jesus é a de um aluno muito inteligente, e não de um mestre. Ele não está “ensinando no Templo”, como muitas vezes dizemos em nossas tradições. Aqui, Lucas antecipa para os doze anos o que realmente ocorrerá mais tarde, quando Jesus realmente ensina no Templo, e sofre a rejeição e a perseguição por parte dos doutores da Lei e Sumos Sacerdotes.
O ponto central do texto se acha em versículo 49: “Por que me procuravam? Não sabiam que eu devo estar na casa do meu Pai?”
Aqui Lucas relata as primeiras palavras de Jesus no Evangelho. Agora não é Gabriel, nem Zacarias, nem Maria quem diz quem é Jesus, mas Ele mesmo. A palavra que nos traduzimos como “devo”, em grego “dei”, transmite o tema de “necessidade”, que aparece no Evangelho 18 vezes e nos Atos dos Apóstolos 22 vezes, e “expressa um senso de compulsão divina, frequentemente visto como obediência a uma ordem da Escritura ou profecia, ou na conformidade de eventos com a vontade de Deus. Aqui a necessidade consiste no relacionamento inerente de Jesus a Deus que exige obediência.” (Marshall - “The Gospel of Luke”)
Em versículo 50, fica patente que os seus pais não entenderam que o seu relacionamento com o Pai celeste tomava precedência sobre a sua relação com eles: “Eles não compreenderam o que o menino acabava de lhes dizer.”
A “espada”, a dor de sentir este distanciamento, sem poder compreendê-lo de que falou Simeão em 2, 35, já começa a aparecer. Maria não compreende plenamente, retomando o tema de v. 19, e tem que continuar a sua caminhada de fé, meditando sobre o sentido e identidade do seu filho. Fato encorajador para nós. Quantas vezes acontecem coisas nas nossas vidas que não compreendemos, nem conseguimos ver a vontade de Deus. A exemplo de Maria e José, aceitemos esta escuridão, continuemos a caminhada, mas nunca deixemos, numa atitude de oração de contemplação, “conservar no nosso coração todas essas coisas”!


FONTE: DA REDAÇÃO DO SSVPBRASIL